quinta-feira, 30 de agosto de 2012

8ª Etapa: Odemira - Beja

Odemira - Messejana (18.08.2012)


A ligação de Odemira a Beja, é feita pela N263, passando por Santa Luzia, Messejana, Aljustrel, Ervidel e por fim Beja. São cerca de 95 kms.

O nosso objectivo, até porque saímos depois do lanche, já passava das dezassete e trinta, era pernoitar em Aljustrel e no dia seguinte chegar a Beja. No nosso primeiro dia de viagem fizemos 6 horas a pedalar e completámos 97 kms, por isso, poderíamos fazer o mesmo neste último dia mas a diferença é que no primeiro dia saímos de casa às sete horas da manhã...

A estrada até Santa Luzia pareceu-nos grande, e o Eduardo não ia de bom humor, penso que se devia ao aproximar do fim das férias para ele... Foram cerca de 30 kms mas as bicicletas estavam a precisar de óleo nas correntes, o que dificultava o andamento...


Os espanhóis têm os touros, já nós...
Lá marcharam uma frutinha e umas barrinhas de cereais em Santa Luzia. O Eduardo tentava arranjar alojamento em Aljustrel (via tlm) mas sem sucesso...





Preparámo-nos para a noite na estrada: corta-vento, coletes sinalizadores, colocar luzes, e continuámos... mais 30 kms e chegávamos... se bem que não nos apetecia muito andar demasiado tempo durante a noite.
Por volta das vinte e duas horas estávamos em Messejana, e pareceu-nos boa ideia parar, comer qualquer coisa quente e dormir. O problema é que não havia parque de campismo e a aldeia não tinha cara de ter qualquer tipo de alojamento.
Contudo, primeiro indivíduo que encontramos indica-nos uma casa de um senhor que costuma alugar quartos. Seguimos as indicações e chegámos a uma casa/prédio com três portas iguais. 
Tinham-nos dito que eram a primeira e a segunda portas. Batemos, batemos, batemos, nada. As vizinhas apareciam e diziam: "Têm que bater com força!", "Batam com mais força!", "Eles devem estar lá para trás e não ouvem!" Já tínhamos medo de bater mas elas insistiam... até que uma se lembra de dizer, "Só se ele está para o café..." Lá foi o Eduardo até ao café, enquanto eu ficava com as bicicletas. 
Nisto faz-se luz dentro de casa, enquanto eu conversava com a vizinha da terceira porta, à qual já havíamos batido, não fora as indicações estarem incorrectas... esta vizinha, entre este bate e fala, já tinha ido ver se havia luz no quintal do senhor. E havia. Era uma senhora muito atenciosa. Devia ter uns oitenta anos... muito faladora e muito explicada. Preocupada em referir que, caso voltássemos ali, a porta dela era a terceira de quem vinha de cima e a primeira de quem vinha de baixo. Explicou isto três ou quatro vezes. Um amor!

Bom..., lá veio o senhor, e lá telefonei ao Eduardo, que entretanto conseguiu que a senhora do café nos servisse uma sopa antes de fechar!

Ah! O quartinho era nada mais nada menos que... um apartamento!! Mas lá diz o ditado. "Não há bela sem senão." Nessa noite, rebentou uma conduta de água que abastecia Messejana! Lá ficámos nós com banho à gato ;) 

Messejana - Aljustrel - Ervidel - Beja (19.08.2012)


Saímos por volta das onze e quinze. Messejana - Aljustrel foi tranquilo. Apesar das correntes terem piorado. Com a história da falta de água nem nos lembrámos.


Chegada a Aljustrel às onze e quarenta e cinco. A paragem foi muito breve, o tempo de comprar mais água porque já se sentia bastante a diferença relativa à temperatura perto do litoral e esta, mais interior. Não sentimos Aljustrel como um lugar convidativo. Impressões... nem os desenhos do Eduardo quiseram fazer o registo.

Toca a seguir para Beja.
O calor apertava, e a vontade de sombra, e já agora de um almocinho, também. No caminho só havia Ervidel. Esta viagem devia chamar-se a "rota das sopas". Porque efectivamente apetecia-nos sempre sopa. Comemos sempre sopa em todas as refeições compradas. E que boas sopas alentejanas comemos! Aqui fica mais uma...



A senhora do café dizia: "Não temos sopa mas temos assim uma sopa das nossas, que fazemos aqui, com grão e espinafres e que juntamos uns pedaços de bacalhau..."
Ui! O que ela foi dizer! Era mesmo o que nos apetecia. Estava divinal! Mesmo!
A senhora, uma simpatia. Perguntei se sabia de alguém ou onde podíamos arranjar um pouco de óleo para as correntes das bicicletas. Imediatamente comunicou ao marido e passados alguns minutos, outro senhor que estava sentado no café põe em cima da nossa mesa dois sprays específicos para lubrificar bicicletas. E diz: "Ainda no outro dia serviu a outros. Podem servir-se à vontade!" Foi espectacular! Ficámos muito agradecidos. As bicicletas, então, depois deste tratamento, pareciam outras.
Ainda houve tempo para uns rabiscos no caderninho do Eduardo, apesar da minha aflição com as horas. O último comboio de Beja para Évora saía às dezoito horas e quinze minutos.

Beja. 
Foram no total 422 kms a pedalar durante dez dias. Faltavam mais 3 kms até à estação. Eram dezasseis horas e cinquenta minutos. A bicicleta do Eduardo furou mais uma vez o pneu de trás. Solução rápida, o gel.





Na estação tomamos conhecimento de mais legislação sem sentido, desta vez nos regulamentos da CP. Bicicletas só podem circular em comboios urbanos e se houver lugar. Nos comboios regionais podem ir nos vagões próprios para mercadorias, junto às máquinas (à frente ou atrás), no Intercidades e longo curso, só embaladas, como bagagem de mão e se couber nos espaços próprios para a bagagem no topo das carruagens.

Problema:
Se a ligação Beja - Évora é feita em comboio regional de Beja até Casa Branca, e depois é feito o transbordo para um comboio Intercidades que faz a ligação Casa Branca - Évora (dez minutos de trajecto), o que fazer às bicicletas?

Solução:
Segundo a funcionária da CP em Beja: comprar o bilhete até Casa Branca e ir de bicicleta até Évora. Se saíssemos em Alcáçovas eram 24 kms até Évora. Se saíssemos em casa Branca eram 38 kms até Évora; ou ir até Casa Branca e ficar à mercê do revisor do Intercidades que decide se as bicicletas podem ir ou não, devidamente desmanchadas - segundo a senhora, esta última hipótese era muito improvável.

O que decidir?


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